Lisboa: Uma “esperança realista” marcada pelo “discernimento”

Cerca de 800 catequistas, representantes de todas as vigararias do patriarcado de Lisboa, reuniram-se no externato da Luz, em Lisboa, para a Assembleia Diocesana de Catequistas subordinada ao tema «Família e Educação da Fé».

A manhã ficou marcada pela intervenção de José Eduardo Borges de Pinho, professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), que apresentou os pontos fortes dos inquéritos enviados a todas as paróquias do Patriarcado sobre a exortação pós-sinodal Amoris Laetitiae do Papa Francisco.

O docente começou por apresentar “um olhar sobre a realidade” daquilo que considerou ser “o papel da família na educação da fé”:

“Torna-se claro que a família é insubstituível na educação da fé. Também sabemos que a realidade plural de hoje comporta consigo uma complexidade que já não nos permite falar de família, mas de famílias que procuram ser cristãs”.

Para José Eduardo Borges de Pinho os resultados do inquérito mostram que “existe uma distancia entre a catequese dos filhos e a vida familiar” que vão desde as situações “em que os pais, eles próprios detém pouca formação cristã” até aos casos em que “os pais agem como não crentes, mas continuam a querer a formação cristã para os seus filhos, sobretudo por causa dos valores”.

O Mundo da pós-modernidade, secularizado, “também contribui, com o seu olhar pluriforme, para o questionamento dos mais novos que perante as múltiplas perspetivas questionam a sua própria visão cristã do mundo”, sustentou.

O professor citou o inquérito onde “muitos pais estão conscientes de que lutam contracorrente na educação dos filhos” e propôs aos catequistas para “não serem pessimistas, mas assumir uma atitude de esperança realista perante a realidade de hoje”:

“Devemos partir do princípio de discernimento que implica olhar para a família como família de famílias e isso pressupõe considerar que não existem mais formulas que sirvam de resposta para todas as realidades” e aceitar “que todos têm algo para dar, mesmo que seja muito pouco” não enchendo “os pais com ‘deveres’ que estão para lá deles próprios”.

Num segundo ponto da sua reflexão o professor da UCP propôs-se a refletir sobre a “tarefa da comunidade cristã e dos catequistas como ajuda à família na educação da fé”.

José Eduardo Borges de Pinho sustentou que é fundamental a existência de “mentalidades abertas a processos de aprendizagens e disponíveis para caminhos de renovação”:

“A experiência de hoje mostra-nos que o processo de educação exige capacidade de abertura e capacidade de aprendizagem muito rápida, criatividade e maneabilidade como atitude fundamental cristã”.

Para o docente de UCP o grande desafio “não é chegar a todos, mas sim chegar ao maior numero possível com propostas personalizadas. Uma Igreja em saída é isto que significa e não suporta uma atitude defensiva que fecha a porta a tudo o que é diferente e que mantem instituições sem vida e modos de agir que perde a credibilidade”.

Um segundo aspeto, realçado pelo docente, partindo do inquérito, traduz-se na “relação entre a comunidade e a família” e no modo como “ainda vão existindo dificuldades em aprofundar a veracidade do testemunho da fé no núcleo das comunidades como suporte da vida comunitária”.

Como terceiro elemento o docente propôs um “novo olhar para a tarefa da transmissão da fé que envolva toda a comunidade” e isso passa “pela comunicação do que de bom fazemos”.

Num quatro aspeto deve levar “os catequistas a ver o seu papel como representantes qualificados das suas comunidades”.

Por fim José Eduardo Borges de Pinho convidou os catequistas “a acompanharem e ouvirem as famílias de modo a que estas se tornem sujeitos ativos na comunidade”.

 

Ateliês de formação para Catequistas

Após a conferência os catequistas reuniram-se em 18 ateliês de formação orientados por 34 animadores em temas como «Catequese familiar»;  «escola paroquial de pais»; «despertar da fé»; dinâmicas familiares com adolescentes»; o papel dos avós na transmissão da fé»; «casais bíblicos» ou «pensar a vocação matrimonial na adolescência».

 

Imagem: João Fernandes



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