CAuSA Comum: Semear

SEMEAR, o verbo da transformação interior!

 

Neste mês de setembro, é tempo de pensarmos, refletirmos um pouco mais sobre o valor, o significado, o sentido de toda a Criação.

Como nos diz o Papa Francisco:“Todos nós podemos cooperar como instrumentos de Deus para o cuidado da criação, cada um de acordo com sua própria

cultura, experiência, capacidade e talento”. (LS, 14)

            A Terra é a nossa “Casa Comum”, que se transforma, em cada dia que passa, que vai manifestando sinais de alarme, de irresponsabilidade, da incoerência da ação humana. Os desequilibrios ao nível ambiental e social têm condicionado, em muito, a relação entre o ser humano e a natureza. A guerra, a violência, o preconceito, o egoísmo, a poluição, o desequilibrio dos ecossistemas, entre outros problemas que afetam esta Casa Comum, não nos podem deixar indiferentes.

            Conforme está consubstanciado na narração dos Génesis, somos convidados a cultivar e a guardar o jardim do mundo (Gn 2, 15). Isto implica uma reciprocidade responsável entre aquilo que somos e fazemos com a própria natureza.

            Torna-se pertinente perguntar: Que gestos concretos é que poderão contribuir para uma ecologia integral? Qual a qualidade das nossas ações para a prossecução do Bem-Comum? O que semeamos, em cada dia que passa? Com que finalidade passamos por este mundo?

A designação “Ecologia Integral” propõe uma visão integrada do ser humano, dos outros e da vida no planeta Terra. Dela fazem parte as dimensões pessoal, social e ambiental, a necessidade de trabalhar de forma interdisciplinar os valores, o respeito por si mesmo, pelos outros e pelo ambiente no seu todo.

Numa perspetiva cristã, é pertinente mencionarmos uma figura do século XII que tem manifestações de espetacular modernidade: São Francisco de Assis. Esta figura manifesta um profundo respeito e expressa uma desconcertante admiração pela natureza. A sua vivência diária concretizava-se num percurso de respeito por toda a Criação, que reconhece e proclama a autoria divina, procurando semear o bem, através de gestos simples e autênticos. A ternura que manifestava e concretizava, o seu respeito por todas as criaturas são referências constantes nos dias de hoje, em que a dignidade dos pobres é duramente afrontada. É assim necessário ouvir, tanto o clamor da terra, como o clamor dos pobres.

Enquadrados nos 17 objetivos do Desenvolvimento Sustentável, preconizados pela ONU, também, no aniversário da exortação Laudato Si, podemos falar dos 7 objetivos que este mesmo documento nos desafia a concretizar, entre os quais, se destaca, a espiritualidade ecológica. Numa abordagem educativa, vamos privilegiar uma ecologia apoiada nos dinamismos da espiritualidade cristã, inspirados na palavra criadora, palavra de Deus que é semente de vida. Recordemos das parábolas evangélicas que falam da semente e põem em evidência a força interior da palavra semeada, a par da forma discreta como ela gera vida, recompensando o esforço do semeador. Semear é, em si mesmo, um ato de esperança. Daí a interpelação para formarmos a consciência individual e coletiva para práticas de ações de interesse que podem influir, de forma positiva, sobre a realidade, sobre o mundo atual.

No contexto de pandemia em que vivemos, somos interpelados a SEMEAR, a plantar sementes firmes, com qualidade, capazes de tornar o cuidado desta Casa Comum, uma causa comum, um sonho comum!

SEMEAR…, poderá constituir a palavra-chave para a mudança de paradigma, para a conversão interior, para o agir humilde sobre as situações concretas do nosso dia-a-dia.  

SEMEAR…, poderá fazer parte da base que dá sentido à vida de cada um de nós. As sementes lançadas à terra por um agricultor, poderão ser convertidas, em gestos gratuitos, promotores de solidariedade para com os outros e para com a natureza.

SEMEAR…, implica ação, implica a necessidade de refletirmos sobre os nossos erros, sobre as nossas fragilidades humanas e sermos capazes de nos tornarmos audazes, corajosos, para atender ao clamor dos que mais precisam de nós.

SEMEAR é dar Vida à nossa CASA COMUM!

Setembro/2020
SDERE – Guarda



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