Ângelus: «Deus criou-nos para uma vida bela, boa e alegre», Papa Francisco

Papa recordou hoje, antes da recitação do Ângelus, a ressurreição de Lázaro e associou-se a António Guterres pedindo o “fim dos conflitos armados” nesta altura de pandemia mundial.

Leia, na íntegra, a tradução da meditação do Papa Francisco a partir do original em italiano

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O evangelho deste quinto domingo da Quaresma é o da ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11, 1-45). Lázaro era irmão de Marta e Maria; eram muito amigos de Jesus. Quando Ele chega a Betânia, Lázaro está morto há quatro dias; Marta corre ao encontro do Mestre e diz-lhe: «Senhor, se estivesses aqui, o meu irmão não teria morrido» (v. 21). Jesus responde: «O teu irmão ressuscitará» (v. 23); e acrescenta: «Eu sou a ressurreição e a vida; quem acredita em mim, ainda que morra, viverá» (v. 25). Jesus revela-se como o Senhor da vida, Aquele que é capaz de dar a vida até aos mortos. Chegam então Maria e outras pessoas, todas em lágrimas, e então Jesus - diz o Evangelho - «comoveu-se profundamente e ficou perturbado [...] chorou» (vv. 33.35). Com este peso em seu coração, vai ao túmulo, dá graças ao Pai que o escuta sempre, abre o sepulcro e grita alto: «Lázaro, vem para fora!» (v. 43). E Lázaro sai com «com as mãos e os pés enfaixados com ligaduras, e o seu rosto estava envolvido num sudário» (v. 44).

Aqui tocamos com as mãos que Deus é vida e dá vida, mas assume o drama da morte. Jesus poderia ter evitado a morte do seu amigo Lázaro, mas ele queria fazer sua a nossa dor pela morte dos seus entes queridos e, acima de tudo, queria mostrar o domínio de Deus sobre a morte. Nesta passagem do Evangelho, vemos que a fé do homem e a omnipotência de Deus, do amor de Deus, procuram-se e finalmente se encontram. É como uma bifurcação na estrada: a fé do homem e a omnipotência do amor de Deus que se busca e eventualmente se encontra. Vemos isso no clamor de Marta e Maria e todos nós com eles: "Se estivesses aqui! ...". E a resposta de Deus não é um discurso, não, a resposta de Deus para o problema da morte é Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida ... Tende fé! No meio do choro, continua a ter fé, mesmo que a morte pareça ter vencido. Retira a pedra do teu coração! Deixa a Palavra de Deus trazer de volta a vida onde houver morte”.

Ainda hoje Jesus nos repete: "Retirai a pedra". Deus não nos criou para o túmulo, mas fez-nos para a vida, bela, boa, alegre. Mas «a morte entrou no mundo por inveja do diabo» (Sab 2,24), diz o Livro da Sabedoria, e Jesus Cristo veio libertar-nos das suas armadilhas.

Somos, portanto, chamados a remover as pedras de tudo que abe a morte: por exemplo, a hipocrisia com a qual a fé é vivida, é morte; a crítica destrutiva contra os outros, é morte; a ofensa, a calúnia, é morte; a marginalização dos pobres é morte. O Senhor pede-nos para remover estas pedras do coração, e então a vida ainda florescerá ao nosso redor. Cristo vive, e quem o recebe e a ele adere entra em contato com a vida. Sem Cristo, ou fora de Cristo, não apenas a vida não está presente, mas a pessoa volta à morte.

A ressurreição de Lázaro também é um sinal da regeneração que ocorre no crente através do Batismo, com a plena inserção no Mistério Pascal de Cristo. Pela ação e força do Espírito Santo, o cristão é uma pessoa que caminha na vida como uma nova criatura: uma criatura para a vida e que segue para a vida.

Que a Virgem Maria nos ajude a ser compassivos como o seu Filho Jesus, que fez da nossa dor a dele. Cada um de nós está próximo daqueles que estão a passar por alguma provação, tornando-se assim um reflexo do amor e da ternura de Deus, que nos liberta da morte e faz a vida vencer.

 

Um «cessar fogo imediato» para todas as guerras

No final da oração do Ângelus o Papa Francisco pediu um «cessar-fogo global e imediato para todos os conflitos” existentes no mundo.

“Uno-me ao Secretário-geral das Nações Unidas neste apelo. Que possam ser interrompidas as hostilidades e se promova a criação de corredores para ajuda humanitária, abertura à diplomacia, atenção àqueles em situação de maior vulnerabilidade”, apelou.

Para o Papa a situação global que se vive por causa do Covid-19 deve levar “todos a reconhecer a nossa necessidade de fortalecer os laços fraternos como membros de uma única família”, afirmou.

Educris|29.03.2020



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