Mundo: 2019 é «ano de mártires» para os cristãos

Primeiro balanço de 2019 feito pelo presidente da Fundação Pontifica aponta para «ano dramático» para milhares de cristãos no mundo

O presidente internacional da Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), Thomas Heine-Geldern, considerou hoje que “2019 foi um ano de mártires, um dos anos mais sangrentos da história dos cristãos”.

O responsável diz estar muito preocupado com a situação dos cristãos na Nigéria, “palco de constantes ataques por grupos terroristas islâmicos, nomeadamente o Boko Haram”.

Para além de África os cristãos têm enfrentado graves situações de perseguição também no oriente com o triste destaque a pertencer ao “Sri Lanka” onde os ataques “se destacaram pela sua brutalidade e violência”, denunciou o presidente da Fundação pontifícia.

Já no final de 2019 outros episódios voltaram a demonstrar a violência generalizada contra a comunidade cristã.

“Na véspera de Natal a vila cristã de Kwarangulum, no estado de Borno, foi atacada por jihadistas que mataram sete pessoas, sequestraram uma jovem e incendiaram casas e a igreja. Horas depois um outro grupo terrorista, com ligações ao Daesh, divulgou um vídeo onde alegadamente mostra a execução de dez cristãos e de um muçulmano” no nordeste da Nigéria”, lamenta o responsável.

 “Tudo isto nos entristece profundamente. Enquanto celebramos o Natal, outros choram e vivem aterrorizados.”

Mais perseguidos e menos mortos

A Organização não governamental (ONG) Open Doors publicou hoje um relatório onde apresenta uma perseguição mundial a cerca de 260 milhões de cristãos em 2019, mais 15 milhões em relação ao ano anterior.

Para esta organização protestante o aumento da perseguição é explicado “pela deterioração da situação da liberdade religiosa na China e pela implantação do jihadismo em África".

Para o presidente internacional da Fundação AIS, nem “todos os dados são negativos” pois assistiu-se, durante igual período, a um “aumento da atenção na opinião pública para as questões relacionadas com a liberdade religiosa”.

“Na Europa Ocidental, políticos e líderes de opinião falam agora muito mais sobre liberdade religiosa”, constata Heine-Geldern, dando como exemplo a recente mensagem de Natal que o herdeiro do trono britânico fez questão de gravar especificamente para a Fundação AIS. Nessa mensagem, o Príncipe Carlos enfatizou o sofrimento crescente e a perseguição aos cristãos em todo o mundo, apelando por isso à generosidade de todos para com esta comunidade religiosa.

De acordo com a Open Doors o número de cristãos mortos caiu de 4.305 para 2.983, uma descida de 31% em relação ao ano anterior.

Heine-Geldern apelou uma vez mais às grandes organizações internacionais, como a União Europeia ou a ONU, para agirem na defesa da liberdade religiosa como um direito humano fundamental.

“Muito pouco está ainda a ser feito”, reconhece este responsável pela Fundação AIS. “É difícil acreditar que num país como a França se tenham registado mais de 230 ataques contra organizações cristãs durante o ano passado”, disse, lembrando ainda os “chocantes” eventos no Chile, onde “40 igrejas foram profanadas e danificadas desde meados de outubro”.

Imagem: Vatican.va

Educris|16.01.2020



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