Ângelus: «Discrição e temperança» nas comunidades a exemplo de Maria

Na solenidade da Imaculada Conceição o Papa Francisco recordou o exemplo de serviço da "toda bela" mãe do "Mestre" e convidou os fiéis a seguirem o exemplo de "Discrição e temperança" da "toda santa" para "todas as comunidades cristãs".

Leia, na íntegra, a alocusão do Santo Padre.

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje celebramos a solenidade de Maria Imaculada, que é colocada no contexto do Advento, um tempo de espera: Deus cumprirá o que prometeu. Mas na celebração de hoje é-nos anunciado que algo já foi realizado, na pessoa e na vida da Virgem Maria. Hoje consideramos o início desta realização, que está ainda antes do nascimento da Mãe do Senhor. De facto, a sua concepção imaculada leva-nos ao momento preciso em que a vida de Maria começou a palpitar no ventre de sua mãe: já havia o amor santificador de Deus, preservando-a do contágio do mal, que é uma herança comum da família humana.

No Evangelho de hoje ressoa a saudação do anjo a Maria: «Alegra-te cheia de graça: o Senhor está contigo» (Lc 1, 28). Deus sempre pensou e desejou, em seu desígnio inescrutável, uma criatura cheia de graça, cheia do seu amor. Mas, para ser preenchido é necessário deixar espaço, esvaziar-se, pôr-se à parte. Assim como Maria, que sabia ouvir a Palavra de Deus e confiar totalmente na sua vontade, aceitando-a sem reservas na sua vida. Tanto é assim que nela a Palavra se tornou carne. Isto foi possível graças ao seu ‘sim’. Ao anjo que pede a sua disponibilidade para ser mãe de Jesus, Maria responde: «Eis a serva do Senhor; faça-se para mim segundo a tua palavra» (v. 38).

Maria não se perde em tantos argumentos, não coloca obstáculos ao caminho do Senhor, mas confia rapidamente e deixa espaço para a ação do Espírito Santo. Subitamente coloca-se à disposição de Deus com todo o seu ser e a sua história pessoal, para que a Palavra e a vontade de Deus possam moldá-la e completá-la. Assim, correspondendo perfeitamente ao plano de Deus para ela, Maria torna-se a "toda bela", a "toda santa", mas sem o menor indício de complacência. Ela é humilde. Ela é uma obra-prima, mas permanece humilde, pequena, pobre. Nela se reflete a beleza de Deus, que é todo amor, graça, doação.

Também gosto de enfatizar a palavra com que Maria se define na sua rendição a Deus: professa-se "a serva do Senhor". O "sim" de Maria a Deus assume desde o princípio a atitude de serviço, de atenção às necessidades dos outros. Testemunha-o concretamente o acontecimento da sua visita a Isabel, que se segue imediatamente ao episódio da anunciação. A disponibilidade para Deus é encontrada na disposição de atender às necessidades dos outros. Tudo isto sem clamor e ostentação, sem buscar lugares de honra, sem publicidade, porque a caridade e as obras de misericórdia não precisam de ser exibidas como troféu. As obras de misericórdia são feitas em silêncio, em segredo, sem se gabar por tê-las feito. Mesmo nas nossas comunidades, somos chamados a seguir o exemplo de Maria, praticando o estilo de discrição e temperança.

A festa de nossa Mãe ajuda-nos a tornar toda a nossa vida um ‘sim’ a Deus, um ‘sim’ feito de adoração a Ele e gestos diários de amor e serviço.

Tradução Educris a partir do original em italiano

08.09.2019



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