Audiência-geral: Francisco lembra missão dos pastores e perigo das magias de hoje

Na catequese sobre o Atos dos Apóstolos o Papa Francisco refletiu sobre a figura do apóstolo Paulo em fim de missão e lembrou a sua luta contra a bruxaria e magia considerando que tais cults são incompatíveis com o ser cristão. Na sua catequese o Papa argentino lembrou, ainda, o papel dos padres e dos bispos nas diferentes comunidades cristãs.

Leia, na íntegra, a catequese do Santo Padre

Catequese sobre os Atos dos Apóstolos - 17. «Tomai cuidado convosco e com todo o rebanho» (Atos 20,28). O ministério de Paulo em Éfeso e a despedida dos anciãos

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

A viagem do Evangelho no mundo continua inabalável no Livro de Atos dos Apóstolos, e atravessa a cidade de Éfeso, mostrando o seu significado salvífico. Graças a Paulo, cerca de doze homens recebem o batismo em nome de Jesus e experimentam o derramamento do Espírito Santo que os regenera (cf. Atos 19, 1-7). Os prodígios que ocorrem através dos apóstolos são diferentes: os doentes recuperam e os obsessivos são libertados (cf. Atos 19:,11-12). Acontece assim pois o discípulo é semelhante ao seu Mestre (cf. Lc 6,40) e torna-o presente ao comunicar aos irmãos a mesma nova vida que ele recebeu.

O poder de Deus que invade Éfeso desmascara aqueles que querem usar o nome de Jesus para realizar exorcismos, mas sem ter autoridade espiritual para o fazer (Cf. Atos 19, 13-17), e revela a fraqueza das artes mágicas, que são abandonadas por um grande número de pessoas que escolhem Cristo e as abandonam (cf. Atos 19, 18-19). Uma verdadeira reviravolta para uma cidade, como Éfeso, que era um centro famoso pela prática da magia! Lucas enfatiza, assim, a incompatibilidade entre a fé em Cristo e a magia. Se escolhestes Cristo, não podes recorrer ao mago: a fé é um abandono confiado nas mãos de um Deus confiável, que se faz conhecido não por práticas ocultas, mas pela revelação e com amor gratuito. Talvez alguns de vós me digais: "Ah, sim, essa mágica é antiga: hoje, com a civilização cristã, isto não acontece". Mas tende cuidado! Eu pergunto-vos: quantos de vês ides lançar as cartas de tarot, quando de vós ides ler as mãos ou as cartas dos cartomantes? Ainda hoje, nas grandes cidades, os cristãos praticantes fazem estas coisas. E dai vem a pergunta: "Mas porquê, se acreditas em Jesus Cristo, vais ao mágico, ao adivinho, a todas estas gentes?” Por favor: a mágica não é cristã! Estas coisas que são feitas para adivinhar o futuro ou adivinhar muitas coisas ou mudar as situações da vida não são cristãs. A graça de Cristo traz para ti tudo: ora e confia-te ao Senhor.

A propagação do Evangelho em Éfeso prejudica o comércio de ourives - outro problema - que fabricavam as estátuas da deusa Ártemis, tornando uma prática religiosa numa verdadeira pechincha. Convido-vos a pensar sobre isto. Vendo que a atividade que rendeu muito dinheiro diminui, os ourives organizam uma revolta contra Paulo, e os cristãos são acusados ??de ter colocado em crise os artesãos, o santuário de Ártemis e o culto à deusa (ver Atos 19: 23-28).

Paulo deixa então Éfeso, segue para Jerusalém e chega a Mileto (cf. At 20, 1-16). Uma vez aqui chamou os anciãos da Igreja de Éfeso - os presbíteros: seriam os sacerdotes - para fazer uma entrega "pastoral" (cf. At 20, 17-35). Estamos no final do ministério apostólico de Paulo e Lucas que apresenta o seu discurso de despedida, uma espécie de testamento espiritual que o apóstolo dirige àqueles que, após a sua partida, terão que liderar a comunidade de Éfeso. E esta é uma das mais belas páginas do Livro de Atos dos Apóstolos: aconselho-vos a tomar a o Novo Testamento, a Bíblia, capítulo 20 hoje e ler esta despedida a Paulo aos presbíteros de Éfeso, quando está em Mileto. É uma maneira de entender como o apóstolo se despede mas também como os padres hoje se devem despedir; como também todos os cristãos devem se despedir. É uma página bonita.

Na exortação, Paulo encoraja os líderes da comunidade, que sabe ver pela última vez. E o que que lhes diz? «Tomai cuidado convosco e com todo o rebanho». Este é o trabalho do pastor: acordar, vigiar-se a si mesmo e ao rebanho. O pastor deve vigiar, o pároco deve vigiar, fazer a vigília, os presbíteros devem vigiar, os Bispos, o Papa deve vigiar. Fazer a vigília para guardar o rebanho, e também para cuidar de si mesmo, examinar a consciência e ver como está a ser cumprido esse dever de vigiar. «Tomai cuidado convosco e com todo o rebanho, de que o Espírito Santo vos constituiu administradores para apascentardes a Igreja de Deus, adquirida por Ele com o seu próprio sangue.» (Atos 20,28): Assim o afirma São Paulo. Aos bispos é exigida a máxima proximidade com o rebanho, resgatado pelo precioso sangue de Cristo, e a prontidão para defendê-lo dos «lobos» (v. 29). Os bispos devem estar muito próximos do povo para custodiá-lo, defendê-lo; e não separados e distantes do povo. Tendo confiado esta tarefa aos líderes de Éfeso, Paulo coloca-os nas mãos de Deus e confia-os à «palavra da sua graça» (v. 32), o fermento de todo crescimento e o caminho da santidade na Igreja, convidando-os a trabalhar com as suas próprias mãos, como ele, não devendo ser um fardo para os outros, mas ajudar os fracos e experimentar que "A felicidade está mais em dar do que em receber" (v. 35).

Queridos irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor para que renove em nós o amor pela Igreja e o depósito da fé que ela preserva, e nos torne co-responsáveis ??pela custódia do rebanho, apoiando os pastores em oração para que manifestem firmeza e ternura do Divino Pastor.

Educris|05.12.2019 Tradução a partir do original em Italiano



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