Educação: «Sem liberdade não há educação, sem educação não há futuro»

Papa encontrou-se com estudantes de Roma e pediu-lhes “paixão” perante o conhecimento convidando-os a libertarem-se do vício do “telemóvel” e da indiferença perante o conhecimento.

No jubileu Aloisiano, nos 450 anos do nascimento de São Luís Gonzaga, protetor da juventude, o Papa Francisco reuniu-se hoje com cerca de 5 mil estudantes do Instituto «Vistonti», em Roma.

Na sua alocução o Papa argentino retomou algumas das ideias centrais sobre a educação, como a ideia de que “o pacto educativo foi quebrado”, ou “sem liberdade não há educação e sem educação não há futuro” e estabeleceu como critério de ação das instituições de ensino católico uma “formação global do cidadão e do cristão” capaz de estabelecer o diálogo entre “fé e razão”.

Aos estudantes o Papa citou ainda nomes de outros grandes cientistas, que ali estudaram, e tantos outros jovens sacerdotes Jesuítas, que marcaram a história da Igreja moderna e se prepararam para partir para as missões e reafirmou que “os valores do Evangelho, que animaram a cultura de gerações e gerações de italianos, podem iluminar consciências, famílias, comunidades, no respeito dos valores morais e do bem do homem”.

Para o Papa o compromisso da Igreja com a educação das novas gerações deve ter em conta “a promoção do valor universal da fraternidade, baseada na liberdade, na busca honesta da verdade, na promoção da justiça e da solidariedade, especialmente para os mais fracos. Sem a atenção e a busca destes valores, não pode haver uma coexistência pacífica real”, alertou.

Francisco explicou aos mais novos que a escola deve ser “uma oficina na qual se educa à inclusão, ao respeito pela diversidade e à colaboração” num autêntico “laboratório que antecipa a comunidade futura”.

Perante tantos humanos que na atualidade se deixam levar “pelo carreirismo e pelo deus dinheiro” o Papa argentino apresentou o exemplo de São Luís Gonzaga e desafiou os estudantes a colocarem o “bem comum à frente dos interesses pessoais”:

“Há tanta necessidade de jovens, que saibam agir desta maneira, colocando o bem comum à frente dos interesses pessoais! Por isso, é preciso cuidar da própria interioridade, através do estudo, da pesquisa, do diálogo educativo, da oração e da escuta da própria consciência. Tudo isto pressupõe a capacidade de criar espaços de silêncio”.

Numa época em que a sociedade parece ter “medo do silêncio e suas consequências” Francisco lançou novo desafio aos mais novos:

“Não tenham medo do silêncio e das suas consequências, de estar sozinhos, de escrever num diário pessoal. Livrem-se do vício de estar sempre no telemóvel! Somente no silêncio interior se pode ouvir a voz da consciência e distinguir as vozes do egoísmo e do hedonismo”.

No final do seu discurso Francisco convidou ao “voluntariado” generoso: “Quem não vive para servir não serve para viver”, concluiu.

O Instituto Visconti é o Liceu Clássico mais antigo de Roma, fundado em 1871, na sede do Colégio Romano, por Santo Inácio de Loyola, um ano após a fundação da Companhia de Jesus (1550). Por esta escola passaram nomes como o de Eugénio Pacelli, futuro Papa Pio XII, Franco Modigliani, Prémio Nobel da Economia e outras figuras importantes, que contribuíram para o progresso da ciência e da sociedade.

Educris|13.04.2019



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