Ângelus: Cristo Rei, os reinos deste mundo e o apelo à plenitude no Amor

No último domingo do Tempo Comum a Igreja recorda Jesus como «Cristo Rei». Neste manhã, antes da recitação da oração mariana do Ângelus, o Papa afirmou que o reino de Jesus não "é daqui" e convidou os crentes a deixarem-se envolver por Ele que "dá sentido à nossa vida" com o seu reino que "se enraiza no coração humano".

leia, na íntegra, a alocução do Papa Francisco

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

A solenidade de Cristo Rei, que hoje celebramos, é colocada no final do ano litúrgico e recorda que a vida da criação não avança de forma aleatória, mas procede rumo a um objetivo final: a manifestação definitiva de Cristo, Senhor da história e de toda a criação. A conclusão da história será o seu reino eterno. O Evangelho de hoje (cf. Jo 18,33b-37) fala deste reino, o reino de Cristo, o reino de Jesus, recordando a posição humilhante na qual se encontrou Jesus depois de ter sido preso no Getsémani: amarrado, insultado, acusado e levado às autoridades de Jerusalém. E então, é apresentado ao procurador romano, como alguém que atenta contra  o poder político, tentando tornar-se o rei dos judeus. Pilatos faz então a sua pergunta e num interrogatório dramático questiona-o duas vezes se ele é um rei (vv. 33b.37).

E Jesus primeiramente responde que o seu reino «não é deste mundo» (v.36). Depois afirma: «Tu o dizes: eu sou rei» (v.37). É evidente que em toda a sua vida Jesus não tem ambições políticas. Lembremo-nos que após a multiplicação dos pães, o povo, entusiasmado com o milagre, quis proclamá-lo rei, para derrubar o poder romano e restaurar o reino de Israel. Mas para Jesus o reino é outra coisa, e não se realiza certamente com a revolta, a violência e a força das armas. Por isso, retirou-se sozinho para a montanha para rezar (cf. Jo 6,5-15). Agora, respondendo a Pilatos, faz-lhe notar que os seus discípulos não lutaram para o defender. Diz: «Se meu reino fosse deste mundo, os meus servos teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus» (v.36).

Jesus quer deixar claro que acima do poder político existe outro muito maior, que não é alcançado por meios humanos. Ele veio à Terra para exercer esse poder, que é amor, testemunhando a verdade (cfr. v. 37). Esta é a verdade divina que é, em última análise, a mensagem essencial do Evangelho: «Deus é amor» (1 Jo 4, 8) e quer estabelecer no mundo o seu reino de amor, justiça e paz. E este é o reino do qual Jesus é o rei e que se estende até o fim dos tempos. A história ensina-nos que os reinos fundados no poder das armas e na prevaricação são frágeis e, mais cedo ou mais tarde, colapsam. Mas o reino de Deus é fundado no seu amor e está enraizado nos corações - o reino de Deus está enraizado nos corações -, dando àqueles que o acolhem paz, liberdade e plenitude de vida. Todos queremos paz, todos queremos liberdade e queremos plenitude. E como isto é feito? Deixa que o amor de Deus, o reino de Deus, o amor de Jesus crie raízes no teu coração terás paz, terás liberdade e terás plenitude.

Jesus pede-nos hoje para que o deixemos tornar-se nosso rei. Um rei que com a sua palavra, o seu exemplo e a sua vida imolada na cruz nos salvou da morte, e indica - este rei - o caminho para o homem perdido, dá nova luz à nossa existência marcada pela dúvida, pelo medo e pelos testes de todos os dias. Mas não devemos esquecer que o reino de Jesus não é deste mundo. Ele poderá dar um novo sentido à nossa vida, às vezes posto à prova até pelos nossos erros e pecados, somente na condição de não seguirmos a lógica do mundo e seus "reis".

Que a Virgem Maria nos ajude a acolher Jesus como o rei da nossa vida e a difundir o seu reino, dando testemunho da verdade que é o amor.

Tradução Educris a partir do original em italiano



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