1. Um braçado de gravetos, um copo de água, um punhado de farinha, um tudo nada de azeite. Juntando as pontas destes fios soltos, a viúva de Sarepta prepara-se para fazer uma última refeição de despedida da vida juntamente com o seu filho único. É nesta terra quase a terminar, onde já mal se tem pé, nesta vida quase a expirar, que surge Elias, o homem de Deus, conduzido por Deus, que atira à pobre mulher mais um fio de voz e de esperança a que se agarrar: Deus. Não é a quantidade que importa; o que importa é a totalidade. Pelo fio de voz e de esperança de Elias, Deus não reclama alguma coisa; reclama tudo: o coração todo, a alma toda, a confiança toda, as forças todas! E nem a farinha se esgota na amassadeira, nem o fio de azeite deixa de cair da almotolia! Extraordinária lição para a pobre viúva de Sarepta (Primeiro Livro dos Reis 17,10-16) e para nós, que atravessamos a secura da paisagem desta terra de Novembro.
2. O coração todo, a alma toda, a confiança toda, as forças todas: assim se ouve ou se lê no famoso Shema? Yisra?el [= «Escuta, Israel], de Deuteronómio 6,4-5, que tivemos a graça de ouvir no Domingo passado. E nesse lugar se diz também a Israel que deve formar com essas palavras um fio de luz e de sentido que deve atar ao coração, às mãos, aos pés, aos filhos (Deuteronómio 6,6-9). Este fio é fundamental para segurar as pontas soltas dos podres, pobres fios da nossa vida.
3. Bem, neste contexto, o fio ou a linha poética e melódica do Salmo 146, que põe Deus tão perto de nós, a fazer justiça aos oprimidos, a dar pão aos que têm fome, a tomar a seu cuidado o órfão e a viúva, e a atirar-me todo para Deus, com aquele grito repetido: «Ó minha alma, louva o Senhor!». O Salmo 146 é uma espécie de carrilhão musical, e convida-nos a cantar os «doze belíssimos nomes» de Deus, decalcando aqui a expressão muçulmana que exalta os «99 belíssimos nomes» de Allah. É claro que os doze nomes que passaremos em revista não celebram tanto a essência divina, mas a sua acção em favor das suas criaturas, sobretudo dos mais pobres e desfavorecidos. É assim que o Salmo evoca o Deus que fez o céu, a terra, o mar, o Deus Criador (1), o Deus da verdade (?emet) (2), o Deus que faz justiça aos oprimidos, defensor dos últimos (3), que dá pão aos famintos (4), que liberta os prisioneiros (5), que abre os olhos aos cegos (6), que levanta os abatidos (7), que ama os justos (8), que protege os estrangeiros (9), que sustenta o órfão e a viúva (10), que entrava o caminho dos ímpios (11), o Deus que reina eternamente (12). Este maravilhoso Salmo ajuda-nos a saborear musicalmente toda a liturgia de hoje.
4. Na verdade, «Deus habita nos louvores de Israel» (Salmo 22,4). Habita nos nossos louvores, na nossa dedicação e devotação total a Ele, na nossa vida posta em melodia, fio ou linha melódica que ata o nosso coração ao coração de Deus, a nossa mão à mão de Deus. Foi assim, sacerdotalmente, que Jesus Cristo se ofereceu totalmente ao Pai e a nós e por nós, deixando-nos à espera e a viver dessa espera na esperança da sua Vinda. Um fio tenso de luz e de sentido, a que se chama esperança, nos ata para sempre a esse Senhor-que-Vem. Fio ou linha musical, vital, de cada Domingo, em que cantamos: «Senhor, vem!» (marana tha’), porque sabemos que «o Senhor vem!» (maran ’atta’). O Dia de Domingo deve imprimir em nós o «tique» da esperança, deixando-nos com o pescoço esticado para Deus, situação de quem O espera e vive da sua Vinda a todo o momento. É a Lição de Hebreus 9,24-28.
5. O Evangelho deste Domingo XXXII do Tempo Comum, Marcos 12,38-44, põe em cena e em claro destaque uma viúva pobre que dá a Deus a sua vida toda, em contraponto com os escribas e muitos outros, que fazem bom teatro religioso (não é o caso do escriba do Domingo passado). Excelente inclusão literária no Evangelho de Marcos: da primeira vez que Jesus aparece a ensinar em público, neste Evangelho, o povo exclama: «Este ensina com autoridade, e não como os escribas!» (Marcos 1,22); a terminar a sua atividade pública neste Evangelho, é Jesus que mostra bem que não é como os escribas (Marcos 12,38-40). A cena central passa-se no átrio das mulheres do Templo de Jerusalém, num lugar chamado «Casa do Tesouro» (bêt ha-gazît) (Marcos 12,41-44). Muita gente deitava aí muito do que lhe sobrava, mas a viúva pobre deu «tudo quanto tinha, a sua vida toda!». Fio de sentido que liga este episódio ao que já encontrámos no Primeiro Livro dos Reis 17,10-16.
6. O Evangelho refere que a viúva é pobre. Duplamente desfavorecida, portanto. Enquanto viúva e enquanto pobre. Mas a tecla que soa mais forte, é que deu tudo, ainda que tenha dado pouco: duas pequenas moedas (leptà dýo), ou seja, um quadrante (kodrántês). O quadrante é uma coisa insignificante: é a sexagésima quarta parte de um denário! A pobre viúva recuperá-lo-ia rapidamente, mal se pusesse a pedir! O acento não está posto na quantidade, mas na totalidade. É bom que, observando bem esta cena exemplar, aprendamos a passar da mera ajuda para o dom de nós mesmos. Dom total. O discípulo de Jesus, à maneira de Jesus, deve pôr em jogo a própria vida, e não simplesmente os adereços. Tudo, e não apenas o supérfluo. Dar o que sobra não tem a marca de Deus, não é fazer a verdadeira memória de Jesus, que se entregou a si mesmo por nós (Efésios 5,2), por mim (Gálatas 2,20). O supérfluo deixa a vida intacta. O dom de si mesmo transforma a vida para sempre. A marca deste dom é a totalidade e a definitividade.
7. Dar a vida toda ou entreter-se com os adereços, eis a verdadeira questão, meu irmão deste Domingo de novembro.
Uma nuvenzinha,
Que o criado de Elias avista lá ao longe,
Acende de esperança o horizonte,
Como uma cidade iluminada sobre um monte,
Uma avezinha que se dessedenta numa fonte,
Uma velhinha que recolhe um braçado de gravetos,
Para acender o lume
E cozer apenas um pãozinho
Para comer com o seu filho
Antes de rezar e de morrer.
Elias anda ao sabor de Deus,
Como um moinho ao vento,
Como um pássaro ao relento,
Como a voz de um fino silêncio,
A amadurar no coração de um grão de trigo
Ou de um amigo.
Tudo é tão frágil e tão belo,
Belo porque frágil
E ágil.
Anda tanto Deus à nossa volta,
Que não precisamos de guarda
Nem de escolta.
Concede-nos hoje, Senhor,
Sentir a tua voz bater em nós,
E o teu amor sempre ao redor,
Sempre ao redor,
Como Tu achares melhor.
António Couto
Ouça e leve consigo as «Conclusões», por padre Tiago Neto, irmã Margarida Abreu e padre José António Gonçalves nas Jornadas Nacionais de Catequistas
Ouça e leve consigo o áudio da conferência «Catequista:Discípulo e acompanhante», proferida elo diácono Paulo Campino nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2018.
Ouça e leve consigo o áudio da conferência «A palavra de Deus lida, refletida e rezada» proferida pelo padre Armindo Vaz, da UCP, nas Jornadas Nacionais de Catequistas, 2018.
Ouça e leve consigo, em podcast, o áudio da conferência «Primeiro Anúncio e Discipulado - uma exemplificação a partir do tema 1 do curso «ser catequista hoje», proferida por Maria Luísa Boléo nas Jornadas Nacionais de Catequistas, 2018
Ouça e leve consigo a conferência «Primeiro Anúncio e Discipulado - Objetivos, conteúdos e Pedagogia» proferida por Maria Luísa Boléo nas Jornadas Nacionais de Catequistas, 2018
Ouça e leve consigo a conferência «As dimensões querigmática e mistagógica da catequese», proferida pelo padre Joaquim Ganhão nas Jornadas Nacionais de Catequistas, 2018
Ouça e leve consigo a conferência de D. António Moiteiro subordinada ao tema «O Plano de Formação de Catequistas, 2018»
Ouça a reflexão de D. Manuel Pelino Domingues, vogal da CEECDF e Bispo emérito do Santarém aos cerca de 4500 alunos presentes no XVIII Interescolas do 1º ciclo que se realizou em Fátima a 25 de maio de 2018.
Ouça as declarações do professor de EMRC, Luís Silva, após a vitória da 3ª edição do Bíblia Moov.
Ouça e leve consigo a conferência de D. António Moiteiro, Bispo de Aveiro e presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) no 57º Encontro Nacional de Catequese, sob o tema «Catequista: Identidade e Missão».
Ouça e leve a consigo a partilha e testemunho de Maria Luísa Boléo na conferência «A Alegria de ser Catequista», proferida no 57º Encontro Nacional de Catequese
OUça e leve consigo em mp3 o áudio da conferência de D. José Ornelas, Bispoda diocese de Setúbal, no 57º Encontro Nacional de Catequese que decorreu em Setúbal de 3 a 6 de abril de 2018.
Ouça e leve consigo a conferência de Eduardo Duque, sociólogo, nas Formações (inter) diocesanas para docentes de EMRC 2018.
Ouça e leve consigo a conferência de Luís Miguel F. Rodrigues sob o tema «Desenvolvimento sócio-moral e religioso na infância», proferida nas Formações (inter) diocesanas, 2018
Ouça e leve consigo a conferência de Fabrizia Raguso, psicóloga, nas Formações (inter) diocesanas para docentes de EMRC 2018.
Conferência de Helena Gil Costa, socióloga e master em Criatividade Aplicada Total, nas Formações (inter) diocesanas para docentes de EMRC 2018.
«Como é que a escola católica anuncia Jesus Cristo» foi o tema da conferência de D. Joaquim Mendes perante mais de 100 professores e alunos das Jornadas Locais das Escolas Católicas (JLEC) que decorreram no Estoril, no Patriarcado de Lisboa.
«Como é que a escola católica anuncia Jesus Cristo» foi o tema da conferência de D. António Moiteiro perante mais de 150 professores e alunos das Jornadas Locais das Escolas Católicas (JLEC) que decorreram em Aveiro.
Ouça e leve consigo a homilia de D. António Moiteiro aos participantes das Jornadas Locais das Escolas Católicas do centro que decorreu no Colégio de Calvão, em Vagos.
III edição contou com mais de meia centena de participantes e foi organizada pelo Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa no passado dia 27 de janeiro de 2018.
Ouça a alocução de D. Manuel Felício, bispo da Guarda, na formação (inter) diocesana de professores de EMRC que decorreu em Viseu a 27 de janeiro de 2018
Alocução de D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, aos professores de EMRC reunidos na formação interdiocesana de 27 de janeiro de 2018
Ouça e leve consigo a reflexão de Cristina Sá Carvalho, coordenadora do Departamento de Catequese, com o balanço e os desafios deixados pelas Jornadas Nacionais de Catequistas 2017
Ouça e leve consigo a conferência «O Encontro com Jesus Cristo» proferida pelo padre José Frazão SJ nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2017.
Ouça e leve consigo a conferência «Linhas programáticas para a Catequese» proferida por D. António Moiteiro, bispo de Aveiro e presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2017.
Disponibilizamos a homilia do vogal da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) na Eucaristia de dia 4 de novembro em contexto de Jornadas Nacionais de Catequistas 2017 (JNC17)
Veja, ou reveja, a reflexão «"Vimos o Senhor (Jo 20,25) A alegria do encontro com o ressuscitado» que o padre Mário Rodrigues de Sousa, da diocese do Algarve, trouxe às Jornadas Nacionais de Catequistas 2017
Ouça e leve consigo a quarta parte do mini-curso «Dinâmicas das relações interpessoais no grupo; resolução de conflitos» proferida pela padre João de Deus Costa Jorge, da Universidade Católica Portuguesa (UCP) nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça e leve consigo a terceira parte do mini-curso «Dinâmicas das relações interpessoais no grupo; resolução de conflitos» proferida pela padre João de Deus Costa Jorge, da Universidade Católica Portuguesa (UCP) nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça e leve consigo a quarta parte do mini-curso « À descoberta da eucaristia: conhecer, celebrar e viver, em comunidade com os catequizandos» proferida pelo padre João Peixoto, diretor do Secretariado da Liturgia, Porto, nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça e leve consigo a segunda parte do mini-curso «Dinâmicas das relações interpessoais no grupo; resolução de conflitos» proferida pela padre João de Deus Costa Jorge, da Universidade Católica Portuguesa (UCP) nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça, também, a parte 1
Ouça e leve consigo a segunda parte do mini-curso « À descoberta da eucaristia: conhecer, celebrar e viver, em comunidade com os catequizandos» proferida pelo padre João Peixoto, diretor do Secretariado da Liturgia, Porto, nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça e leve consigo a primeira parte do mini-curso «Dinâmicas das relações interpessoais no grupo; resolução de conflitos» proferida pela padre João de Deus Costa Jorge, da Universidade Católica Portuguesa (UCP) nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça e leve consigo a primeira parte do mini-curso « À descoberta da eucaristia: conhecer, celebrar e viver, em comunidade com os catequizandos» proferida pelo padre João Peixoto, diretor do Secretariado da Liturgia, Porto, nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça o painel «A Escola Católica e a construção de uma sociedade mais livre» proferida na ação de formação para direções das escolas católicas a 20 de junho de 2017
Ouça a conferência do padre João Seabra proferida na ação de formação para direções das escolas católicas a 20 de junho de 2017
Ouça e leve consigo a conferência «A Família no contexto atual: interpelações à visão cristã da vida», por José Eduardo Borges de Pinho, UCP, durante a formação de docentes de EMRC 2017, subordinada ao tema «Dignidade da vida humana: Um percurso em contrução numa Escola com Lu )cide)z»
Ouça e leve consigo a conferência «Todo o Homem é maior que o seu erro; A vida nas prisões» proferida por Cláudia Assis Teixeira, presidente da direção da Associação Foste Visitar-me, no dia 11 de fevereiro de 2017 na formação de docentes de EMRC.
Ouça e leve consigo a conferência «Da hostilidade à hospitalidade» proferida por André Jorge, diretor do JRS em Portugal, na formação de docentes de EMRC, 2017
Ouça e leve consigo a conferência «Mercadoria humana: exploração oculta, invisibilidade das vítimas», proferida pela irmã Júlia Bacelar, membro da Comissão de Apoio às vítimas de Tráfico de Pessoas na formação de docentes de EMRC
Ouça e leve consigo a conferência «Mobilidade humana: sonhos de profeta, pergunta de Deus», proferida pela irmã Julieta Dias, da Comissão de Apoio às vítimas de Tráfico de Pessoas, na formação de docentes de EMRC.
Ouça e leve consigo a conferência «O respeito pela dignidade do corpo e as questões do aborto», proferida por Berta Catalão, médica de Família na formação de docentes de EMRC, 2017.
Ouça e leve consigo a conferência "Viver o teu tempo de morrer: uma responsabilidade e um privilégio humano" por Filipe Almeida, médico e membro da Academia Pontifícia para a Vida, durante a Formação dos docentes de EMRC 2017.
Ouça e leve consigo a conferência de Micael Pereira, jornalista do Expresso, subordinada ao tema «Educar contra a indiferença: desafio (s) ao SER escola», proferida na formação de docentes de EMRC, Porto - 2017
Ouça e leve consigo a conferência "Nobreza na Educação: caminhos virtuosos no (re)conhecimento da dignidade humana" proferida por Helena Marujo, ISCSP, durante a formação "Dignidade da vida humana: Um percurso em contrução numaEscola com lu(cide)z", dirigida a docentes de EMRC
Ouça e leve consigo a conferência do professor Américo Pereira, Formação para docentes de EMRC 2017, por Américo Pereira, professor da faculdade de Ciências Humanas da UCP durante a formação "Dignidade da vida humana: Um percurso em contrução numaEscola com lu(cide)z"
Ouça e leve consigo a conferência «A família como fermento evangelizador da sociedade» proferida por José Rodrigues Duque, da Universidade Católica Portuguesa, nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2016.
Ouça e leve consigo a palestra do casal Ana Alexandra Nunes e Nuno Prazeres nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2016.
Ouça a conferência de D. António Marto, subordinada ao tema «Maria, mãe, discípula e educadora», proferida nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2016.
Ouça e leve consigo a homilia de D. Manuel Pelino Domingues na eucaristia das Jornadas Nacionais de Catequistas 2016.