1. O que se passa no átrio do Templo tem carácter público. Vê-se que a discussão antes havida entre Jesus e os saduceus (Marcos 12,18-27) teve mais audiência além dos diretamente envolvidos. A prova é que o escriba que Marcos põe agora em cena em 12,28-34, que constitui o Evangelho proclamado neste XXXI Domingo do Tempo Comum, tinha presenciado essa discussão e tinha ficado satisfeito com a resposta dada por Jesus. Nem sempre os escribas andam carregados de malícia. O escriba de hoje é um homem atento, aberto, bem-intencionado e bem-disposto. A pergunta que faz a Jesus não é uma pergunta armadilhada, como sucede nos paralelos de Mateus 22,35-36 e de Lucas 12,25. A pergunta do escriba de hoje baseia-se precisamente no facto de ele considerar boa a resposta de Jesus aos saduceus. A pergunta que faz: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» (Marcos 12,28) é, portanto, bem-intencionada, não se destina a pôr Jesus à prova, nem a arrastá-lo para o plano inclinado da interminável discussão académica. De facto, os mestres judeus, lendo minuciosamente a Lei, ou seja, os cinco primeiros Livros da Bíblia [= Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio], e reduzindo-a a preceitos, tinham contado lá 613 preceitos, sendo 365 [tantos quantos os dias do ano] negativos e 248 [tantos quantos, assim se pensava então, os membros do corpo] positivos.
2. A questão que entretinha os mestres e as suas escolas era a de estabelecer uma ordem nesses 613 preceitos ou mandamentos, dizendo qual consideravam ser o primeiro ou o mais importante ou o maior, e assim por diante. Discussão pedante, interminável e natural fonte de conflitos, pois, como sói dizer-se, cada cabeça sua sentença, cada mestre sua sentença. Pelo menos. Pois é conhecido o velho dito acerca dos hebreus: «Onde está um hebreu, há duas opiniões». Qual seria então a posição de Jesus nesta matéria, e como a defenderia?
3. Porque Jesus percebeu a boa intenção daquele escriba, assim também lhe responde, de forma direta e amigável, com apreço, começando por citar ou rezar o Shema? Yisra?el [= «Escuta Israel], a mais importante afirmação de fé do povo hebreu: «O primeiro é este: ?Escuta, Israel: o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua inteligência e com todas as tuas forças?» (Marcos 12,29-30), oração que todo o hebreu piedoso recitava todos os dias, de manhã e à tardinha, e que é formada pelo texto do Deuteronómio 6,4-5. Mas Jesus não dá por terminada a sua resposta, pois continua assim: «O segundo é este: ?Amarás o teu próximo como a ti mesmo?» (Marcos 12,31a), citando o Livro do Levítico 19,18. E agora sim, fecha a sua resposta, dizendo: «Não há outro mandamento maior do que este» (Marcos 12,31b). O escriba perguntou a Jesus pelo primeiro. Na sua resposta, Jesus expõe o primeiro, mas acosta-lhe o segundo, concluindo que os dois são um único mandamento: «Não há outro mandamento maior do que este».
4. Para Jesus, o primeiro mandamento são dois amores entrelaçados: amar Deus e amar o próximo. O génio cristão consiste na capacidade de manter unidos e bem articulados e equilibrados estes dois amores, pois há quem, para amar a Deus se afaste dos homens, e quem, para lutar ao lado dos homens, se esqueça de Deus. Ora bem, o realismo bíblico ensina-nos que onde e quando estes dois amores se separam, ficamos no terreno da mentira, da falsidade e da idolatria. Na verdade, quando tu dizes que amas a Deus, mas não te importas do próximo, não reages perante as injustiças e não lutas contra a opressão, a que Deus te referes? Não seguramente ao Deus de Jesus Cristo, mas a um deus por ti próprio construído. Do mesmo modo, quando dizes que amas o próximo e o serves, mas recusas entregar-te totalmente a Deus, cairás facilmente nas mãos dos ídolos (a tua ideologia, o teu modelo de libertação, a tua política), e pensando que amas o próximo, nem te apercebes que o estás a instrumentalizar: queres libertá-lo, impondo-lhe as tuas ideias, a tua visão do mundo, a tua justiça. Já para não dizer, e isto é até o mais grave, que enquanto queres ajudar o homem a ser mais homem, o estás a afastar da sua necessidade mais profunda, da sua busca essencial, que é o próprio Deus.
5. Dois amores entrelaçados e inseparáveis. Cada um leva à verificação do outro. Mas não iguais. Amar a Deus, único Senhor da nossa vida, requer a totalidade de nós: «com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua inteligência e com todas as tuas forças». Este amor não é divisível com nenhum outro. Não se chega a Deus com alguma coisa de nós. Só chegamos a Deus se formos inteiros, com todas as nossas raízes, caule, folhas, flores e frutos. A medida do nosso amor a Deus é a inteireza e a totalidade. Chegados a este ponto, impõe-se que nos interroguemos acerca do nosso real comportamento para com Deus: não sucederá que, atolados nos afazeres e preocupações do dia-a-dia, não cheguemos sequer a pensar n?Ele, não tenhamos tempo para Ele, que muitas vezes nos sintamos inseguros e cheios de dúvidas, que não saibamos sequer o que fazer com Ele? A medida do amor ao próximo tem um tempero diferente: somos nós («como a ti mesmo»).
6. O escriba aprova o dizer de Jesus: «Muito bem, Mestre, tens razão?» (Marcos 12,32-33). E Jesus aprova o dizer do escriba: «Não estás longe do Reino de Deus» (Marcos 12,34). Entre Jesus e o escriba existe uma recíproca admiração. Também esta nota é importante, dado que habitualmente, o Evangelho trata os escribas com duras críticas. O texto de hoje diz-nos que, também entre os escribas, há pessoas «não longe». Portanto, para o Evangelho, não há categorias ou classes de pessoas excluídas à partida. E é o amor a Deus e ao próximo a chave que abre a porta do Reino de Deus.
7. O texto de Deuteronómio 6,2-6 é hoje o chão lavrado deste belo Evangelho. Aí ouvimos a fortíssima exortação de Moisés, no último dia da sua vida: escutar, amar, praticar é o caminho para a Terra Prometida e para a Felicidade. E a grande homilia que é a Carta aos Hebreus (hoje 7,23-28) diz-nos que Jesus, o Filho, é o nosso verdadeiro Sumo-Sacerdote, que preside, hoje também, ao culto dos nossos lábios, das nossas mãos e do nosso coração.
8. Um Deus fiel, seguro, firme como «rocha», que não oscila nem engana, atento e próximo do homem, sobretudo dos mais fragilizados e em dificuldade, eis o fluxo poético que nos oferece o grande Te Deum que é o Salmo 18, que tem muitas afinidades com o «Cântico de David», registado em 2 Samuel 22. Deixemo-lo tomar conta de nós. Este Deus e este fluxo poético. E cantemos com o orante e como ele, com todo o coração, alma, mente, energia, arte: «Eu te amo, Senhor, minha força!» (Salmo 18,2).
António Couto
Ouça e leve consigo as «Conclusões», por padre Tiago Neto, irmã Margarida Abreu e padre José António Gonçalves nas Jornadas Nacionais de Catequistas
Ouça e leve consigo o áudio da conferência «Catequista:Discípulo e acompanhante», proferida elo diácono Paulo Campino nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2018.
Ouça e leve consigo o áudio da conferência «A palavra de Deus lida, refletida e rezada» proferida pelo padre Armindo Vaz, da UCP, nas Jornadas Nacionais de Catequistas, 2018.
Ouça e leve consigo, em podcast, o áudio da conferência «Primeiro Anúncio e Discipulado - uma exemplificação a partir do tema 1 do curso «ser catequista hoje», proferida por Maria Luísa Boléo nas Jornadas Nacionais de Catequistas, 2018
Ouça e leve consigo a conferência «Primeiro Anúncio e Discipulado - Objetivos, conteúdos e Pedagogia» proferida por Maria Luísa Boléo nas Jornadas Nacionais de Catequistas, 2018
Ouça e leve consigo a conferência «As dimensões querigmática e mistagógica da catequese», proferida pelo padre Joaquim Ganhão nas Jornadas Nacionais de Catequistas, 2018
Ouça e leve consigo a conferência de D. António Moiteiro subordinada ao tema «O Plano de Formação de Catequistas, 2018»
Ouça a reflexão de D. Manuel Pelino Domingues, vogal da CEECDF e Bispo emérito do Santarém aos cerca de 4500 alunos presentes no XVIII Interescolas do 1º ciclo que se realizou em Fátima a 25 de maio de 2018.
Ouça as declarações do professor de EMRC, Luís Silva, após a vitória da 3ª edição do Bíblia Moov.
Ouça e leve consigo a conferência de D. António Moiteiro, Bispo de Aveiro e presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) no 57º Encontro Nacional de Catequese, sob o tema «Catequista: Identidade e Missão».
Ouça e leve a consigo a partilha e testemunho de Maria Luísa Boléo na conferência «A Alegria de ser Catequista», proferida no 57º Encontro Nacional de Catequese
OUça e leve consigo em mp3 o áudio da conferência de D. José Ornelas, Bispoda diocese de Setúbal, no 57º Encontro Nacional de Catequese que decorreu em Setúbal de 3 a 6 de abril de 2018.
Ouça e leve consigo a conferência de Eduardo Duque, sociólogo, nas Formações (inter) diocesanas para docentes de EMRC 2018.
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Ouça e leve consigo a conferência de Fabrizia Raguso, psicóloga, nas Formações (inter) diocesanas para docentes de EMRC 2018.
Conferência de Helena Gil Costa, socióloga e master em Criatividade Aplicada Total, nas Formações (inter) diocesanas para docentes de EMRC 2018.
«Como é que a escola católica anuncia Jesus Cristo» foi o tema da conferência de D. Joaquim Mendes perante mais de 100 professores e alunos das Jornadas Locais das Escolas Católicas (JLEC) que decorreram no Estoril, no Patriarcado de Lisboa.
«Como é que a escola católica anuncia Jesus Cristo» foi o tema da conferência de D. António Moiteiro perante mais de 150 professores e alunos das Jornadas Locais das Escolas Católicas (JLEC) que decorreram em Aveiro.
Ouça e leve consigo a homilia de D. António Moiteiro aos participantes das Jornadas Locais das Escolas Católicas do centro que decorreu no Colégio de Calvão, em Vagos.
III edição contou com mais de meia centena de participantes e foi organizada pelo Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa no passado dia 27 de janeiro de 2018.
Ouça a alocução de D. Manuel Felício, bispo da Guarda, na formação (inter) diocesana de professores de EMRC que decorreu em Viseu a 27 de janeiro de 2018
Alocução de D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, aos professores de EMRC reunidos na formação interdiocesana de 27 de janeiro de 2018
Ouça e leve consigo a reflexão de Cristina Sá Carvalho, coordenadora do Departamento de Catequese, com o balanço e os desafios deixados pelas Jornadas Nacionais de Catequistas 2017
Ouça e leve consigo a conferência «O Encontro com Jesus Cristo» proferida pelo padre José Frazão SJ nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2017.
Ouça e leve consigo a conferência «Linhas programáticas para a Catequese» proferida por D. António Moiteiro, bispo de Aveiro e presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2017.
Disponibilizamos a homilia do vogal da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) na Eucaristia de dia 4 de novembro em contexto de Jornadas Nacionais de Catequistas 2017 (JNC17)
Veja, ou reveja, a reflexão «"Vimos o Senhor (Jo 20,25) A alegria do encontro com o ressuscitado» que o padre Mário Rodrigues de Sousa, da diocese do Algarve, trouxe às Jornadas Nacionais de Catequistas 2017
Ouça e leve consigo a quarta parte do mini-curso «Dinâmicas das relações interpessoais no grupo; resolução de conflitos» proferida pela padre João de Deus Costa Jorge, da Universidade Católica Portuguesa (UCP) nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça e leve consigo a terceira parte do mini-curso «Dinâmicas das relações interpessoais no grupo; resolução de conflitos» proferida pela padre João de Deus Costa Jorge, da Universidade Católica Portuguesa (UCP) nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça e leve consigo a quarta parte do mini-curso « À descoberta da eucaristia: conhecer, celebrar e viver, em comunidade com os catequizandos» proferida pelo padre João Peixoto, diretor do Secretariado da Liturgia, Porto, nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça e leve consigo a segunda parte do mini-curso «Dinâmicas das relações interpessoais no grupo; resolução de conflitos» proferida pela padre João de Deus Costa Jorge, da Universidade Católica Portuguesa (UCP) nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça, também, a parte 1
Ouça e leve consigo a segunda parte do mini-curso « À descoberta da eucaristia: conhecer, celebrar e viver, em comunidade com os catequizandos» proferida pelo padre João Peixoto, diretor do Secretariado da Liturgia, Porto, nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça e leve consigo a primeira parte do mini-curso «Dinâmicas das relações interpessoais no grupo; resolução de conflitos» proferida pela padre João de Deus Costa Jorge, da Universidade Católica Portuguesa (UCP) nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça e leve consigo a primeira parte do mini-curso « À descoberta da eucaristia: conhecer, celebrar e viver, em comunidade com os catequizandos» proferida pelo padre João Peixoto, diretor do Secretariado da Liturgia, Porto, nas XIII Jornadas de verão para catequistas.
Ouça o painel «A Escola Católica e a construção de uma sociedade mais livre» proferida na ação de formação para direções das escolas católicas a 20 de junho de 2017
Ouça a conferência do padre João Seabra proferida na ação de formação para direções das escolas católicas a 20 de junho de 2017
Ouça e leve consigo a conferência «A Família no contexto atual: interpelações à visão cristã da vida», por José Eduardo Borges de Pinho, UCP, durante a formação de docentes de EMRC 2017, subordinada ao tema «Dignidade da vida humana: Um percurso em contrução numa Escola com Lu )cide)z»
Ouça e leve consigo a conferência «Todo o Homem é maior que o seu erro; A vida nas prisões» proferida por Cláudia Assis Teixeira, presidente da direção da Associação Foste Visitar-me, no dia 11 de fevereiro de 2017 na formação de docentes de EMRC.
Ouça e leve consigo a conferência «Da hostilidade à hospitalidade» proferida por André Jorge, diretor do JRS em Portugal, na formação de docentes de EMRC, 2017
Ouça e leve consigo a conferência «Mercadoria humana: exploração oculta, invisibilidade das vítimas», proferida pela irmã Júlia Bacelar, membro da Comissão de Apoio às vítimas de Tráfico de Pessoas na formação de docentes de EMRC
Ouça e leve consigo a conferência «Mobilidade humana: sonhos de profeta, pergunta de Deus», proferida pela irmã Julieta Dias, da Comissão de Apoio às vítimas de Tráfico de Pessoas, na formação de docentes de EMRC.
Ouça e leve consigo a conferência «O respeito pela dignidade do corpo e as questões do aborto», proferida por Berta Catalão, médica de Família na formação de docentes de EMRC, 2017.
Ouça e leve consigo a conferência "Viver o teu tempo de morrer: uma responsabilidade e um privilégio humano" por Filipe Almeida, médico e membro da Academia Pontifícia para a Vida, durante a Formação dos docentes de EMRC 2017.
Ouça e leve consigo a conferência de Micael Pereira, jornalista do Expresso, subordinada ao tema «Educar contra a indiferença: desafio (s) ao SER escola», proferida na formação de docentes de EMRC, Porto - 2017
Ouça e leve consigo a conferência "Nobreza na Educação: caminhos virtuosos no (re)conhecimento da dignidade humana" proferida por Helena Marujo, ISCSP, durante a formação "Dignidade da vida humana: Um percurso em contrução numaEscola com lu(cide)z", dirigida a docentes de EMRC
Ouça e leve consigo a conferência do professor Américo Pereira, Formação para docentes de EMRC 2017, por Américo Pereira, professor da faculdade de Ciências Humanas da UCP durante a formação "Dignidade da vida humana: Um percurso em contrução numaEscola com lu(cide)z"
Ouça e leve consigo a conferência «A família como fermento evangelizador da sociedade» proferida por José Rodrigues Duque, da Universidade Católica Portuguesa, nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2016.
Ouça e leve consigo a palestra do casal Ana Alexandra Nunes e Nuno Prazeres nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2016.
Ouça a conferência de D. António Marto, subordinada ao tema «Maria, mãe, discípula e educadora», proferida nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2016.
Ouça e leve consigo a homilia de D. Manuel Pelino Domingues na eucaristia das Jornadas Nacionais de Catequistas 2016.