CEI/Budapeste: «As fontes são sinal da presença de Deus», por padre Pedro Manuel

Todos dos dias o padre Pedro Manuel, da Diocese do Algarve apresenta, aos leitores do site da Educação Cristã (EDUCRIS), um resumo dos trabalhos do Congresso Eucarístico Internacional, que decorre em Budapeste, em chave catequética

 

Esta frase de D. José Cordeiro, na homilia da missa para os participantes de língua portuguesa a que hoje presidiu no Congresso Eucarístico Internacional, dá o mote à síntese catequética do dia de hoje.

Viveu-se hoje, em Budapeste o “dia da paciência”. Já em laudes, o arcebispo Stanislaw Gadecki, nos recordava que “a paz chega por meio do amor” e “a igreja vive a plenitude Cristo na Eucaristia” tornando-se caminho para uma vida eucarística que se expressa na mudança do coração “. Se o egoísmo, o orgulho e o preço dado a cada coisa deixam a paz em risco, as nossas diferenças mescladas pela força do Espírito Santo fazem-nos participar na missão dos 12 (apóstolos) “que pelo poder da Palavra de Deus são enviados para anunciar e viver Essa mesma Palavra”, alertou.

De Myanmar, o cardeal Charles Maung Bo, partilhou que a paciência divina também tem um rosto materno que se expressa em Maria, Senhora da Paciência, cujo nascimento hoje se celebrou, e que é capaz de desatar todos os nós que as periferias da vida nos fazem experimentar.

“A salvação chega-nos pela paciência de Maria, que ajuda o mundo a desatar todos os nós que nos são infligidos”. - Quais são os nós que nos aprisionam?”.

Apesar de nos ser roubado o apostolado do sorriso pela imposição da máscara não podemos perder a vida dando lugar à confusão e à ira. A virtude angélica da paciência brilha no escuro das nossas noites. Abraão, Moisés e Job são personagens que nos ajudam a interpretar a parábola da semente que no silêncio faz acontecer o mistério.

Impressionou toda a sala o entusiasmo manifestado por Moyses Azevedo, fundador da comunidade Shalom. “Os jovens evangelizam-se pelos jovens” (S. Paulo VI) especialmente quando descobrem que “O Senhor não tira nada, mas dá tudo” (Papa Bento XVI) porque eles “são o agora de Deus” (Papa Francisco). A alegria de evangelizar é o encontro com uma pessoa viva: Jesus Cristo, que ao entrar na vida dos Seus discípulos a transforma totalmente.

“Rezar diante do Santíssimo Sacramento é ter a oportunidade de falar com o Pão da Vida na busca diária da oração com a Fonte que é ao mesmo tempo o Centro da Eucaristia”.

Do lado aberto da Fonte da Vida nasce a verdadeira paz que deseja ser conhecida por todas as gerações que ao mesmo tempo desejam ser evangelizadas. Partindo da sua experiência recordou-nos que os meios tradicionais não são suficientes. Importa levar a outros corações o ardor das primeiras horas pois “quem come este pão, come fogo” (Santo Efrém).

Em tempos de Pandemia, somos recordados da missão social da nossa Fé comunitária, “O mesmo Senhor que disse isto é o Meu corpo, também disse, tive fome e destes-me de comer” (S. João Crisóstomo).

A missão nos impele a encontrar aqueles que são “os São Tomé” de hoje, aqueles que de afastados se tornam íntimos, de incrédulos passam a confessores. Nutridos com e pela Eucaristia também nós nos tornamos membros do Seu corpo, e Ele que é a nossa paz, de Si nos enamora e junto da Sua cruz a todos reconstrói. O momento final deste testemunho foi uma autêntica manifestação da universalidade desta mensagem eucarística para a juventude. Aqui, em Budapeste, todos os jovens presentes, diante da Cruz das missões e do ícone de Nossa Senhora, receberam a bênção do Cardeal de Budapeste e foram “enviados” e fortalecidos em missão eucarística para a Igreja.

A secularização da sociedade manifesta-se entre outras coisas na perda de Fé, verdadeiro campo de missão, onde a igreja de hoje acontece. O Padre Justo Lofeudo exortou-nos a não baixarmos os braços em forma de cruz e as mãos postas em adoração para que quem deixou de aparecer, regresse a casa. Não podemos contentar-nos com o ecrã por onde se transmite em “streaming” a Eucaristia. É preciso ir mais longe, adorar o Senhor, voltar para Ele em todo o lado, em tudo e sempre. A adoração perpetua é a sua missão!

Aquilo que era assumido por religiosos é agora acolhido por leigos que “reavivam a sua Fé” em silêncio diante de Jesus na Eucaristia. “Todas as paróquias devem ter adoração eucarística, não por luxo mas por prioridade” (Papa Bento XVI). Diante deste desafio percebemos que Deus faz possível, o impossível. Deus chama-nos a isto! A adorá-l’O em silêncio, 24h por dia, 7 dias por semana, 4 semanas por mês, 12 meses por ano. Temos evidências… quando O Senhor é adorado ininterruptamente as transformações acontecem e esta decisão nas nossas comunidades locais e diocesanas começa sobretudo num acto de Fé que se espelha num compromisso pessoal de estar com O Senhor.

Num contexto social em que o mistério da iniquidade está no “Top” importa recuperar e cuidar a postura da devoção eucarística em queda que fez com que muitos abusos se tornassem frequentes. Não podemos abandonar o “sacramento admirável”. Reparar o amor de Cristo é experimentar a plenitude e beneficiar a alma com a presença real do Senhor. Não há nada mais eficaz… se “todas as nossas fontes estão n’Ele” importa que nos convençamos e convertamos a uma certeza: “quem permanece n’Ele dá muito fruto porque sem Ele nada podemos fazer” (Jo 15, 5). A maior graça deste mar de graças, que é a adoração eucarística perpétua, é a Paz. Em Jesus encontrei a Paz!

Estes centros de adoração tornam-se verdadeiros centros de irradiação de paz e essa é sempre caminho de alegria. Em tempos de escuridão precisamos de paz pois os milagres acontecem, a começar pelo milagre das vocações, “Deus chama-nos à prioridade da oração antes da ação” (Bento XVI). No contexto em que vivemos torna-se premente trazer Cristo para o mundo para levar o mundo a Cristo. Como podemos fazer tudo isto? Como acima se disse, com um acto de Fé, com o desejo de o fazer e na certeza de que só podemos caminhar quando adoramos O Senhor primeiro.

Em síntese catequética, não há alternativa à adoração porque ali estamos com o Senhor que apesar de tudo, sempre nos ama. E se “o tempo é sacramento de Deus”, como nos recordava D. José Cordeiro na homilia de hoje, demos ao Senhor do tempo, o tempo que tantas vezes dizemos não ter, porque Ele tem sempre tempo para nós.

 

Pe. Pedro Manuel, delegado da Diocese do Algarve ao CEI - Budapeste 2020 (em 2021)

Educris|09.09.2021

O padre Pedro Manuel escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico



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