Educação: Tese sustenta relevância do «ensino religioso» no sistema educativo (C\Áudio)

Tese apresenta «liberdade de ensino religioso» na primeira república. Investigador estabelece paralelismo entre as duas épocas e defende necessidade de “reafirmar a mais valia do ensino religioso na escola”

“Existe hoje uma tendência recorrente de comprometer a relevância do ensino religioso usando, quase sempre, de argumentos político ideológicos presentes numa perceção republicana de escola” que encontra paralelo “no pensamento e no ideário de alguns republicanos, marcados por um positivismo ateu e materialista”, avança o professor Carlos Meneses.

O investigador apresentou, recentemente, uma tese sobre «A liberdade de ensino religioso no pensamento de Leonardo Coimbra» e considerou que “alguns dos ideais de então” continuam hoje.

“Ainda persistem perante alguns humanismos antropolátricos e exaustivos, discricionários que não admitem nem se permitem coexistir com outras visões de liberdade e de humanismo”, lamenta.

Carlos Meneses é da opinião que este modo de pensar “leva à tentativa de comprometer o lugar do ensino religioso no espaço público mais ao nível ideológico do que na sensibilidade social”.

Para o especialista “a mundividência de matriz cristã empresta um contributo muito válido para uma ideia filosófica da república e democracia que contribua para o processo de humanização do humano em todas as suas dimensões”.

Numa época onde a europa enfrenta desafios vários em termos educativos, Carlos Meneses considera que o ensino religioso está sempre diante de um “desafio permanente de revelar a sua mais valia no currículo, pelo contributo que dá à formação completa da pessoa humana”.

“É preciso reapresentá-lo e justificá-lo nas diversas instâncias em que seja convocada a dar razões da sua legitimidade”, termina.

O “pensador” Leonardo Coimbra considera que a “arte, a filosofia, a ciência, a moral” são como que “equivalente discretos da religião sendo esta a sua síntese integral”.

O autor afirma que "o conhecimento da fé é igualmente sujeito ao escrutínio dos restantes saberes sendo que o ensino religioso pode ser uma síntese das mais diversas áreas”.

Quem foi Leonardo Coimbra

Nascido em Borba de Godim, em 1883, Leonardo Coimbra foi figura ímpar da cultura portuguesa do século passado. Definido, pelos seus contemporâneos como filosofo, professor literato, político, tribuno. Foi diretor do Colégio dos Órfãos, em Braga, e articulista da revista «A Águia». Lançou as Universidades Populares e a Faculdade de Letras do Porto. Como pensador fundou o movimento Renascença Portuguesa, e evoluiu do criacionismo para um intelectualismo essencialista e idealista, reconhecendo a necessidade de reintegrar o saber das "mais altas disciplinas espirituais”, como a religião. Foi deputado e ministro da Instrução de dois governos republicanos.

Publicou 18 livros editados, 243 artigos, 27 entrevistas e 25 cartas.

Na dimensão ideológica foi transmudando, de anarquista e revolucionário, numa linha romântica numa linha política, a republicano e cidadão interventivo.  No domínio filosófico- religioso movimentou-se desde o idealismo criacionista o a aproximação da teologia católica.

Como ministro da instrução repropôs, na década de 20 do século passado, o ensino religioso num tempo complicado das relações entre a Igreja e a república. Neste processo acaba por se converter ao catolicismo num movimento retratado como de “encontro”. Morre no Porto a 2 de janeiro de 1936

 

 

 

 

 

 

 

 

Educris|29.10.2020

 


Leonardo Coimbra



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