No 5° aniversário da encíclica Laudato si, o apelo do Papa Francisco nunca foi tão necessário como agora; no contexto de uma pandemia global que nos leva a repensar as nossas convicções e coloca à prova os nossos valores como cidadãos e cristãos, o cuidado com a casa comum torna-se uma necessidade intransmissível. De maneira repentina, por causa de um inimigo invisível e letal, temos a oportunidade de sermos retirados dessa prepotência dormente do mundo contemporâneo - o ser humano não está acima da criação, mas é parte dela e com ela sofre e perece. Como estávamos à espera de continuar saudáveis numa casa doente?
A verdade é que já há muito estamos doentes, infetados pelo vírus da indiferença, da ganância e do individualismo, mergulhados numa cultura do descarte de tudo e de todos. A situação em que nos encontramos é o reflexo daquilo que crescia em nós - a despreocupação com a natureza, com o próximo e com a vida.
Enquanto pessoas e histórias são reduzidas a estatísticas nos telejornais, escondemo-nos atrás de máscaras, assustados com um cenário dramático que põe a nu e revela a vulnerabilidade e a fragilidade da nossa condição humana. Fechados em nós mesmos esquecemo-nos que, como discípulos de Jesus, defender a vida não é só um apelo; é a nossa vocação.
Se nos recusarmos a acolher este chamamento nos nossos corações jamais seremos capazes de curar o mundo. Assumir o dever de defender a vida é o bem mais nobre; é o único caminho para o fim desta pandemia. Devemos voltar o nosso olhar para o próximo, abrir os nossos ouvidos às súplicas dos irmãos que sofrem e tornarmo-nos protetores desta causa comum. Caso contrário, as gerações futuras, insensíveis à dor do outro e incapazes de sentir compaixão, estarão desabrigadas num planeta que outrora acolhera o ser humano, mas por ele acabou por ser destruído.
Imagens cedidas pelo Colégio Conciliar Maria Imaculada e referentes à comemoração do Dia de S. Francisco, no passado dia 2 de Outubro.
Aluna: Rebeca Oliveira Calheiros Pereira
Sder - Diocese de Leiria Fátima
i Referências: FRANCISCO,Papa, 2015 -”Laudato Si”. Tipografia Vaticana. Roma