Papa apresenta 'bilhete de identidade' do cristão

Na manhã desta quinta-feira o Papa Francisco apresentou três caracteristicas irrenunciáveis que fazem parte do 'bilhete de identidade de cada cristão:"Bendito porque escolhido, porque perdoado e porque a caminho".

Na sua homilia Francisco afirmou que estes sinais de identificação do cristão que Deus escolheu "com a mesma ternura de uma mãe e de um pai" que "sonham a própria criança":

"Na oração da coleta pedimos ao Senhor que a sua graça «nos preceda e nos acompanhe», para que não nos cansemos de ir pelo caminho cristão». Portanto precisamos da graça para não nos cansarmos, porque nós, sozinhos, não o podemos fazer", sustentou.

Para o Papa esta verdade leva-nos a perceber qual é "este caminho, esta identidade cristã", afirmou citando o apóstolo Paulo na carta aos Efésios proclamada na liturgia de hoje: «Fomos abençoados. O cristão é um abençoado: abençoado pelo Pai, por Deus».

O apóstolo propõe três traços característicos desta benção, apontou:

"O primeiro é: o cristão é uma pessoa escolhida; nós somos escolhidos; Deus escolheu-nos um por um, não como uma multidão oceânica, como uma massa de gente. Pelos contrário, Deus «deu-nos um nome, conhece-nos pelo nome um por um». Eis que cada um pode dizer: "Eu sou abençoado, porque sou conhecido pelo Pai, fui escolhido pelo Pai, fui esperado pelo Pai".

Recorrendo à imagem de um "casal quando espera um bebé" e cujos pais se interrogam de várias formas sobre como será a criança, Francisco disse ousar "dizer que também nós, cada um de nós, foi sonhado pelo Pai como um pai e uma mãe sonham o filho que esperam". O Papa argentino disse que esta certeza "dá-te uma grande segurança. O pai quis-te, especificamente a ti, a cada um de nós" fazendocom que esta "consciência seja o fundamento, a base da nossa relação com Deus: nós falamos a um Pai que nos ama, que nos escolheu, que nos deu um nome".

Cristão: Sonhados, queridos e perdoados por Deus 

"O cristão foi escolhido, foi sonhado por Deus" e isso é a primeira caracteristica da benção de Deus sobre nós, sustentou.

Na carta aos Efésios, Paulo Escreve: «Deus concedeu-nos a sua gloriosa graça no Filho amado.

Nele temos, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, o perdão das culpas conforme a riqueza da sua graça». Um trecho que nos revela a segunda caraterística: «o cristão é uma pessoa “perdoada”». Com efeito, um homem ou uma mulher que não se sentem perdoados não são plenamente cristãos, assemelham-se «àquele homem que estava diante do altar e dizia “agradeço-te Senhor, porque não preciso de perdão, eu não cometo pecados como todos os outros!”». Mas «um só – recordou o Pontífice – não foi perdoado, porque era tanta a soberba que não deu lugar ao perdão: o diabo». Ao contrário, todos «fomos perdoados com o preço do sangue de Cristo».

É importante, sugeriu Francisco, fazer também um pouco de exercício de memória para recordar bem «o que me foi perdoado», tendo em conta «as coisas más que fiz, não as que fez o teu amigo, o teu vizinho, a tua vizinha: as tuas!». Tudo isso com a certeza de que o Senhor «perdoou estas coisas» que fizemos na vida. Eis, disse o Papa, «eu sou abençoado, sou cristão»: e «isto é, primeira caraterística, sou escolhido, sonhado por Deus, com um nome que Deus me deu, amado por Deus». E, «segunda caraterística», fui «perdoado por Deus».

Na carta aos Efésios, Paulo escreve: «O Pai fez-nos conhecer o mistério da sua bondade, segundo a benevolência que nele se propusera para o governo da plenitude dos tempos: reconduzir a Cristo, único chefe, todas as coisas». Por conseguinte, afirmou Francisco, «o cristão é um homem e uma mulher a caminho rumo à plenitude, rumo ao encontro com o Cristo que nos redimiu».

A ponto que «não se pode compreender um cristão parado». Com efeito, «o cristão deve ir sempre em frente, deve caminhar». De contrário «o cristão parado é aquele homem que tinha recebido o talento e devido ao medo da vida, ao medo de o perder, ao medo do dono, por medo ou comodidade, enterrou-o, e deixou-o ali, ficando tranquilo e levando a vida sem ir» em frente. Eis por que «o cristão é um homem a caminho, uma mulher a caminho, que faz sempre o bem, que procura fazer o bem, ir em frente».

Esta é «a identidade cristã: abençoados, porque escolhidos, porque perdoados e porque a caminho», concluiu o Pontífice, sublinhando que «é bom viver assim: não somos anónimos, não somos soberbos, a ponto de não precisar do perdão, não somos parados». O desejo do Papa é que «o Senhor nos conserve esta graça, que o Senhor nos acompanhe com esta graça da benção que nos deu, ou seja, a benção da nossa identidade».

Educris com L’Osservatore Romano



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