Síria: Ataques violentos em Alepo

Desde há dias que Alepo está no epicentro de uma luta feroz entre forças rebeldes e o exército sírio. Em resultado dessas batalhas, o bairro cristão de Er-Ram já foi violentamente atingido por mais de uma vez.

O padre franciscano Ibrahim Alsabagh, em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), denuncia que, num dos últimos ataques, “em apenas quatro horas, caíram sobre os habitantes da zona oeste de Alepo cerca de 250 bombas”.

A intensidade dos ataques é, nas palavras deste religioso, “indescritível”. Segundo o seu relato, desde 8 de Julho “que a situação piora de dia para dia”, numa violência “que está para além daquilo que se pode suportar”.

No relato enviado para a Ajuda à Igreja que Sofre, o padre franciscano afirma que Alepo está a viver “os piores momentos da sua história”, e que as pessoas “estão desesperadas e rezam de dia e de noite”.

Recentemente, o exército sírio conseguiu controlar, após uma ofensiva militar, o chamado “corredor do castelo”, situado na parte norte da cidade e que servia como via de abastecimento.

Segundo o Padre Ibrahim, os rebeldes estão preparados para um cerco que poderá durar vários meses, o que poderá significar o prolongamento da batalha e a confirmação, caso seja assim, dos piores receios da comunidade cristã.

“Isto significa que não temos nenhuma forma de sobreviver. Alguns dizem – acrescenta o sacerdote – que seria melhor morrer.”

Neste momento, a comunidade cristã de Alepo é apenas uma sombra do que foi em tempos. Calcula-se que, pelo menos, cerca de dois terços dos cristãos terão já abandonado a cidade. Antes da guerra – que dura há cinco anos – Alepo tinha cerca de 150 mil fiéis e era uma das maiores comunidades de toda a Síria. 

Os cristãos vivem essencialmente na zona oeste da cidade, controlada pelo exército sírio, “onde, ao menos, têm direito a viver e a praticar a sua fé”, como explica o Padre Ibrahim.

O que não acontece nas áreas que se encontram nas mãos dos rebeldes. “Quem lança bombas a casas, igrejas, escolas e hospitais não é um ‘rebelde moderado’”, acrescenta o sacerdote franciscano.

Nesta declaração à Fundação AIS, o padre Ibrahim Alsabagh lança ainda um desafio à comunidade internacional para se colocar um ponto final neste terrível conflito: “Fechem as fronteiras por onde chegam os fornecimentos de armas e alimentos aos combatentes”.

Os cristãos de Alepo estão a viver dias de enorme incerteza e insegurança. “A lista de mártires é longa”, diz ainda o padre Ibrahim, acentuando os anos de tragédia vividos na história recente desta cidade síria e a necessidade de se fazer urgentemente alguma coisa por este povo mártir. “Não podemos ficar passivos”, acrescenta este franciscano.



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades