Porto: «Temos que nos fazer próximos para que a disciplina se consolide», Carlos Meneses

Novo responsável pela EMRC na diocese do Porto apresenta «desafios e lacunas da disciplina na atualidade»

Foram centro e oitenta os professores da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) que lecionam na área da diocese do Porto que ontem, sábado, se fizeram presentes na reunião promovida pelo Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas (SDEIE).

Recentemente nomeado como responsável pela EMRC na diocese do Porto  professor Carlos Menesses era, no final do encontro, um diretor “agradecido e com vontade de mais a bem da disciplina, dos alunos e seus professores”.

“Faço um balanço positivo desta primeira reunião onde quisemos manter um certo grau de informalidade e contámos com a presença do nosso bispo e de uma conferência que veio alertar para a importância de criar sinergias entre as comunidades paroquiais e a escola e onde o professor de EMRC pode e deve ter um papel relevante”, descreveu em declarações ao EDUCRIS.

Num grande departamento que conta com mais de 250 professores a lecionar a disciplina o responsável dá “os primeiros passos” ao suceder a António Madureira, docente responsável pela EMRC durante largos anos na diocese.

“O António esteve muitos anos e eu ainda estou a aprender. Preciso de me inteirar de todos os dossiers que o SDEIE tutela e perceber bem que por detrás dos números, mais ou menos agradáveis, estão pessoas que trabalham, todos os dias, em prol dos alunos, nas comunidades escolares deste grande Porto”, explica.

Escolas sem EMRC: Uma oportunidade à proximidade

Numa época de grandes desafios para o ensino “e na qual se enquadra a EMRC”, o responsável dá conta de que “existem 508 unidades orgânicas sem EMRC e 18 agrupamentos escolares aguardam a colocação de um professor”.

“Um dos primeiros trabalhos que procurei desenvolver, neste tempo ainda curto, foi conhecer e fazer-me presente nas diferentes estruturas da diocese, que conta com 22 vigararias, e junto das escolas, dos diretores e dos professores”.

Reconhecendo “alguns problemas com o portal de matrículas” o responsável dá conta de que a colocação dos docentes, “através de concurso”, obriga os próprios secretariados diocesanos a mudar o seu modo de operar.

“Hoje, mais do que colocar professores – o que já não acontece há um bom par de anos – devemos apostar no acompanhamento, na monitorização, no individualizar do contacto com os professores para que a disciplina possa assumir o seu lugar na escola”, garante.

Perante um grande número de unidades orgânicas, “quase todas do primeiro ciclo”, onde a disciplina não está presente, Carlos Menesses, dá conta da abordagem que tem vindo realizar. Uma “uma abordagem pessoal e próxima com estas escolas”, diz.

“Primeiramente apresentar o SDEIE e a estrutura e os docentes as diretores. Tentar perceber se é possível reiniciar. Sem impor, mas propor aquilo que está na lei e o bom que é a EMRC numa escola para a humanização e formação integral dos alunos”.

Para já faz “balanço positivo” pois em “seis escolas onde não se estavam a lançar horários os diretores foram extraordinários e isso viu-se no relançamento de horários”.

“Queremos sempre ir por um caminho positivo para darmos passos seguros para que futuro da disciplina seja mais consolidado”.

Aproximar os professores das instituições

Presente na equipa Nacional de Apoio à EMRC Carlos Menesses diz estar a conhecer “uma nova realidade a nível nacional”.

“Para mim tem sido uma grande aprendizagem e fui muito bem acolhido. Muitas vezes, quando estamos na escola, não compreendemos bem o funcionamento das instituições a nível nacional. Encontrei um grupo de colegas professores que querem trabalhar e ajudar a EMRC a ser lugar de esperança. É certo que muito há a fazer e é preciso ir dando passos, com atenção, para uma linguagem que seja clara e com orientações muito objetivas”, aponta.

Num primeiro olhar diz “saltar à vista” a prioridade “do digital” seja “a partir de novos recursos, seja noutras instâncias, com o programa e a atualização dos próprios manuais”, considera.

“A pandemia foi um sintoma muito importante em várias dimensões. Apanhou as escolas desprevenidas. Todas as disciplinas sofreram e a EMRC não foi exceção. No Porto, os colegas mais capacitados, em termos digitais, tiveram excelente oportunidade para ter presença mais influente na escola e com os alunos. Tivemos alunos que não tendo a disciplina em modo presencial beneficiaram dela no online”, garante.

Aproximar a Escola das Paróquias através da aposta no «fator cultural»

Durante a sessão formativa o padre Manuel Fernando Silva, diretor do Secretariado Diocesano de Pastoral Social e Caritativa do Porto, apresentou o tema «Relação Escola e Comunidade eclesial».

Durante a sua intervenção o sacerdote lamentou o modo como “em algumas situações párocos e professores de EMRC” parecem viver “de costas voltadas”.

“Esta situação é tao culpa do sacerdote, que não procura os professores que tem na sua área de influência, como dos professores não procuram o seu pároco”.

Aos professores presentes o ainda juiz da irmandade dos Clérigos aconselhou a “que dê o primeiro passo o que for mais lúcido”.

“Deve haver uma estima recíproca entre os párocos e a EMRC. É possível ter atividades conjuntas de relevância social, caritativa e cultural na área de uma paróquia como exposições que criem sinergias culturais entre a comunidade cristã e a escola”, sustentou em linha com o número dois da nota da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé para a Semana Nacional da Educação Cristã.

Educris|31.10.2021



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