ENC: “Devemos recuperar o sentido do Domingo”

“É necessário recuperar o sentido do Domingo como encontro da comunidade crente, reunida à volta do Seu Senhor”. A mensagem foi deixada hoje pelo Cónego Luís Manuel Pereira da Silva, diretor do Departamento de Liturgia do Patriarcado de Lisboa, durante a conferência “O que é e como se vive uma Educação para a Liturgia, no 54º Encontro Nacional da Catequese que decorre em Castelo-Branco.

Perante os cerca de 70 responsáveis diocesanos pela Catequese o cónego Luís Manuel começou por lembrar a importância de situar “a liturgia na vida da Igreja” alertando para o perigo de uma “catequese que não inicia à liturgia” e, por isso não “introduz à celebração da fé da Igreja”.

Consciente de que esta ideia não é “o todo da vida e da realidade catequética em Portugal” o responsável pela Liturgia de Lisboa tomou a Sacrosanctum Concilium para afirmar que “a celebração litúrgica é a atuação de Deus na história. As celebrações litúrgicas não são apêndices mas são pontos de chegada e partida para toda uma vida da fé, de seguimento de Cristo. Se a Liturgia é a história da salvação, ela é a história da Páscoa de Jesus.”

Neste sentido é fundamental “que os catequizandos apreendam o mistério central da fé” “que não é outra coisa senão a Páscoa de Jesus: Cristo morto e Ressuscitado”, afirmou.

A centralidade de Cristo e a pedagogia da atenção pessoal

Olhando, em seguida, para o “anúncio da palavra e a introdução ao mistério” o cónego Luís Manuel lembrou a importância “de distinguirmos o essencial do acessório em catequese” e focou a necessidade de sempre “termos em mente quem é a pessoa, a criança, o adolescente, o adulto ou o idoso, que temos à nossa frente” de modo a conseguirmos “adequar estratégias e linguagens”. É então necessário ter consciência de que “nós catequizamos para celebrar. Ensinamos o que ensinamos para que se transforme em vida” sob pena de tudo o que “ensinamos se transformar em belas noções que se aprendem mas não se apreendem. Não ganham sentido!”

Como fazer uma catequese litúrgica?

Na terceira parte da sua conferência o diretor do Departamento de Liturgia afirmou que para termos “uma catequese litúrgica” devemos “apelar à tradição da Igreja. Temos que perceber que houve uma época em que a Liturgia e a catequese andaram a par: A Patrística.” Assim, e em virtude dos grandes “teólogos da época serem bispos e a defesa da doutrina se fazer na homilia” foi possível formular o axioma segundo o qual “ a Igreja pensava como rezava”.

Olhando para o modo como os catecúmenos eram inseridos, pouco a pouco, na comunidade, o cónego Luís Manuel afirmou a importância de recuperar “o roteiro de catecumenato da época” pleno “de sentido e de ritmo que respeita a própria vida humana e lhe dá sentido”.

De seguida destacou a importância de “recuperar a história da salvação nas nossas catequeses sacramentais” e de voltar a ter “o sentido comunitário das celebrações” percebendo-as como “ações em que a Igreja está presente na plenitude”.

Em segundo lugar é importante “centrar o processo catequético na Páscoa de Jesus” procurando, também, um maior “conhecimento da história da salvação” e da “incrível unidade entre Antigo e Novo testamento”.

No final o responsável pela Liturgia deixou uma questão aos presentes: “O que ganhámos com as catequeses durante a semana e com as Igrejas abertas ao domingo apenas para a celebração da missa?” E concluiu: “é necessário sermos criativos e recuperarmos o sentido do Domingo como dia do Senhor e da Comunidade dos crentes” com “atividades e propostas que promovam “sinal de unidade” e corte com “a visão individualista da vida”.



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