Bruxelas: O Estudo da Religião é fundamental para a Interculturalidade
Responsáveis do setor na europa alertam para a necessidade de uma “educação religiosa” baseada nos documentos europeus para o setor
No segundo dia do Simpósio promovido pelo Comité Europeu para o Ensino Católico (CEEC) os cerca de 150 participantes escutaram a presidente do organismo europeu, Christine Mann, defender a necessidade de uma “efetiva formação religiosa nas escolas da Europa”.
“No necessário diálogo inter-religioso e intercultural é vital, fundante mesmo, o ensino da Religião nas Escolas Europeias”.
A também responsável pelas Escolas Católicas na Áustria apresentou “as várias abordagens a que se assiste no ensino da religião”:
“A primeira abordagem segue uma linha de atualização legal do fenómeno debruçando-se nas razões sociológicas e históricas. Uma segunda linha, a das conceções confecionais e não confecionais, onde se abordam as diferentes formas de manifestação do religioso. O terceiro modo passa pelos modelos uni-confessionais ou em cooperação. Existem, ainda, modelos que apresentam um ensinamento ético que procura misturar o dado ético com o religioso. Por fim começa a aparecer na europa uma certa educação religiosa que toma por base vários documentos europeus”, reforçou.
Num contexto europeu incerto Christine Mann desafiou as escolas católicas serem “laboratórios de novos caminhos” e a “apoiar e ajudar os estados na apresentação de uma proposta de sentido para os mais novos”:
“Num futuro incerto, e perante a variedade de ensino da religião nas escolas publicas, é vital o contributo da escola católica no diálogo inter-religioso e intercultural. Estas instituições devem agir como laboratórios de novos caminhos da educação religiosa, e o mesmo é válido para os departamentos ou serviços da transmissão da fé. É necessário propor e estimar o ensino das religiões de outras convicções religiosas nas escolas. Encorajar a criatividade, por exemplo a partir da significação da pastoral escolar: Evitar os perigos decorrentes deste diálogo que são o fundamentalismo, o relativismo ou o perigo da assimilação”.
“O essencial, tal como nos jogos olímpicos, não é ganhar, mas participar e conhecer para poder crescer no diálogo inter-religioso e permitir o aparecimento de uma sociedade verdadeiramente intercultural”, reforçou.
Interdisciplinariedade na dimensão religiosa da vida
Ao final da manhã Myriam Gesché, responsável do setor de Religião no Secretariado Geral para o ensino católico da Bélgica Francófona, apresentou o caso belga e lembrou que “os alunos de hoje trazem diferentes bases culturais e filosóficas. A educação da fé, e do cristianismo, deve ser preparado para cada aluno, com a esperança de os tornar livres, enriquecidos pela cultura do diálogo, e preparados para ocupar o seu lugar na sociedade”.
Para a conselheira pedagógica e orientadora em Religião e uma das responsáveis pelo programa da disciplina de Religião para as escolas católicas francófonas é vital unir esforços e criar maior interdisciplinaridade entres áreas do saber afins:
“Na realidade Belga a religião, a filosofia e a educação cívica estão intimamente ligadas. A disciplina de Religião é um lugar privilegiado para a busca profunda do significado da vida e da complexidade do humano e dos seus problemas. É também um espaço de diálogo onde o essencial da fé e da cultura cristã, nos seus vários horizontes, se interceta e entra em diálogo com outras formas de cultura e outras religiões e tradições filosóficas. A preparação dos professores deve ter em conta estas ambições”, apontou.
Na apresentação do tema «Diálogo inter-religioso e intercultural e a sua relação com o ensino da religião nas escolas católicas na Europa - «Quem nada sabe, em tudo acredita» a conferencista sustentou como missão da pastoral escolar o primado do “acompanhamento benévolo de cada jovem no estrito respeito pela sua sensibilidade espiritual e diferentes questões”.
Myriam Gesché considerou que a pastoral não deve ter a vocação de “martelar respostas do passado” mas “deixar-se inspirar e procurar as respostas para as duvidas do agir de hoje no Evangelho que nos oferece orientações fundamentais para o ensino católico em cada contexto concreto”.